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Conto de todos os cantos: William Ribeiro


Willian na sede da Banda de Jeceaba. Créditos: Alícia Antonioli

Natural de Jeceaba/MG, William Ribeiro é secretário de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo na cidade e sub-regente da Corporação Musical de Nossa Sra. da Conceição. Multi-instrumentista, é apaixonado pela música desde pequeno e já exerceu diferentes papéis na banda local.


Filho de mãe baiana e pai jeceabense, tem orgulho de sua origem e respeito pela cidade em que cresceu e vive até hoje. Por ser grande conhecedor das atividades e grupos culturais da cidade, relembra com afeto de apresentações e formações antigas.


Confira a entrevista realizada com William pelos arte-educadores do Projeto Arte Por Toda Parte Jeceaba, Ana Malta, Priscila Mathilde e Gustavo Rosário. Leia abaixo!


Troféus da Corporação Musical de Nossa Sra. da Conceição, Banda de Jeceaba. Créditos: Alícia Antonioli

Como surgiu o seu interesse pela música?

Comecei a me interessar pela música ainda muito pequeno, com cinco ou seis anos. Isso porque tenho um irmão mais velho que, apesar de sempre ter gostado muito de música, nunca teve oportunidade de estudar. Então, ele se tornou autodidata: fazia flauta de bambu, e com ela conseguia tirar as notas e tocar as músicas. Durante esse processo, eu ficava por perto para ver o que ele estava fazendo e acabei me interessando pela música.


Depois, quando eu já tinha onze anos, consegui entrar na Banda de Jeceaba. Lá, iniciei os estudos musicais. Só que eu não gostava de instrumento de sopro... Daí, quando conheci o teclado com o maestro Antônio Gomes — conhecido como Nego do Zidório —, aprendi as primeiras notas e passei a me dedicar, inclusive nas aulas de teoria musical.


Além disso, ele estava precisando de um trompetista para integrar a Banda na época, pediu para que eu ingressasse como instrumentista de sopro. E como eu gostava muito dele, acabei aceitando desafio e tomei gosto pela música. Com isso, passei por vários instrumentos e, hoje em dia, toco sax tenor.


Conte um pouco sobre a Banda de Jeceaba.

A Banda é uma associação organizada: possui diretores, presidente, vice-presidente, primeiro e segundo secretários, primeiro e segundo tesoureiros, maestro, sub-regente, conselho fiscal e por aí vai...


A fundação ocorreu em Bituri, distrito de Jeceaba, em 1937. Inclusive, ela é a mais antiga do município. Depois, em 1953, ela passou a ser chamada Corporação Musical de Nossa Sra. da Conceição. Essa ação de mudança do nome foi política, a fim de levar o nome da padroeira de Jeceaba adiante.


Já no último festival em que participamos, contávamos com 43 músicos. Mas, além disso, temos um professor que dá aulas diariamente para as crianças e adolescentes que serão os novos músicos. Então, calculamos que a Banda é composta pelos 43 músicos atuais e mais uns 20 alunos em processo de aprendizagem.


Partitura do dobrado "Dois Corações", música tocada pela Banda. Créditos: Alícia Antonioli

Como é estabelecido o repertório da Banda?

Há um tempo, havia outros maestros que tinham uma levada mais tradicional de músicas de banda, como o dobrado, que até hoje é tocado em ocasiões festivas, comemorações locais, procissões…


Mas, depois de um tempo, isso começou a mudar para que tivéssemos músicas populares no repertório atual. Hoje em dia, a gente mantém as tradicionais e também conta com outras mais atuais e conhecidas.


Quais são os maiores desafios enfrentados pela Banda atualmente?

Nosso maior desafio atualmente é a pandemia. Isso porque nós paramos as nossas atividades — ensaios, aulas de música e apresentações — por um bom tempo.


Em relação ao apoio financeiro, não temos grandes problemas porque, desde 2013, recebemos uma verba da Prefeitura, que é administrada pela diretoria da Banda. Com isso, o maestro e o professor de música são remunerados e as aulas, assim como o material utilizado, são gratuitos.


Lidar com a música me dá um prazer e uma satisfação muito grande. Apesar de já ter sido a minha profissão, ser músico hoje é um hobby para mim.

Instrumentos na sede da Corporação. Créditos: Alícia Antonioli

Há algum caso marcante ou engraçado que aconteceu com a Banda?

Tem uma coisa que a gente não esquece! Uma vez, fomos participar de um festival em Bonfim/MG e, na volta à noite, o farol do ônibus não ligou. Mesmo assim, o motorista seguiu o caminho, mas o ônibus caiu no mata-burro. Então, a turma toda se juntou e, com muito cuidado, tiramos o ônibus de lá.


Quando chegamos a Bituri, conseguimos alguém que viesse num carro, guiando na frente para clarear a estrada. Enfim, quando chegamos em Jeceaba, o outro motorista que já estava acostumado com o ônibus, mostrou onde era a chave do farol e ligou as luzes. Ou seja, não estávamos sem farol, mas o outro motorista que não sabia dessa chave para ligá-lo.


Fale um pouco sobre o cenário cultural de Jeceaba.

Hoje temos grupos de dança, aulas de violão, de música e atividades no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS). A Orquestra Municipal também é atuante, mas ficou paralisada devido a parceria que possui com a Secretaria de Educação. E sem as aulas presenciais, ela não tinha como prosseguir.


Vale a pena comentar que o cenário atual é bem diferente do que tínhamos anos atrás. Por exemplo, há 50 anos, possuíamos grupos de Congado que não existem mais. Apesar disso, ainda temos a Folia de Reis, que é bem atuante e recebe apoio da Prefeitura.

 

O Conto de todos os cantos sobre Jeceaba é patrocinado pela Vallourec via Conselho Municipal da Criança e do Adolescente de Jeceaba (CDMCA).


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